segunda-feira, 15 de março de 2010

Mitologia Egipcia





Os Filhos do Céu e da Terra


Os filhos de Geb e Nut, os quatro filhos do Céu e da Terra, dois homens e duas mulheres (embora haja versões que dão um quinto filho, chamado Horoeris), formam a primeira geração de seres que vivem no solo do Egito, os quatro primeiros deuses que se ocupam dessa terra escolhida e que velam por ela, ou que entram no mundo egípcio para completar o binômio do bem e do mal, da vida e da morte. O primeiro dos homens e o mais velho dos quatro, Osiris, é o deus da fecundidade, a divindade que representa e sustenta a continuidade da natureza; ele é quem faz nascer a semente, quem a amadurece e quem agosta os campos; Osiris é o princípio da própria vida.Ísis, a sua irmã e esposa, reina em igualdade sobre o extenso domínio do Nilo, em perfeita harmonia com o seu irmão, formando o casal positivo do binômio. Se Osiris se encarrega de proporcionar a vida aos humanos, Ísis está sempre à frente, após a invenção de todas as artes necessárias para desenvolver a vida, desde a moagem do grão até as complexas regras e leis da vida familiar.Neftis, a segunda irmã e a mais pequena de todos, não podia ter a sorte de Ísis, a sorte de ser esposa do bom e belo Osiris; por isso Neftis ficou à margem da felicidade; também por isso era a representação do resto do país útil, Neftis era a deusa das terras menos felizes, as terras secas junto dos campos de cultivo; as parcelas de sequeiro que não tinham a sorte de ser regularmente inundadas pela água e pelo limo do rio nas suas cheias anuais.Seth, o segundo homem e o terceiro dos filhos, é a criatura que pressagiou o seu destino ao nascer prematuramente, dado que abriu o ventre da sua mãe Nut, fazendo-a sofrer cruelmente; Seth é o deus da maldade, o espírito negativo e o representante do deserto sem vida, a personificação da morte.



A Luta Entre o Bem e o Mal

Naturalmente, Seth odeia desde a infância o primogênito Osiris; esta é a fábula constante do bom irmão diante do mau; é a lenda exemplificadora do mau assassinando o bom, tentando evitar a sua clara superioridade, tentando apagar com a morte a distância entre ambos.Mas continuemos com a história dos quatro filhos de Geb e Nut, e digamos que Seth casou com a sua irmã Neftis, mantendo a tradição iniciada pelos seus antecessores divinos. Mas Neftis foi esposa do malvado Seth também mau grado seu, porque ela amava Osiris, e deste casamento não surgiu nenhum filho, porque Seth tinha que ser forçosamente estéril pela sua maldade.Mas não sucedeu a mesma coisa com Neftis, dado que ela sim, conseguiu ter um filho e, precisamente um filho de Osiris. Para conseguí-lo, embebedou o seu irmão e deitou-se com ele. Esse filho nasceria mais tarde e seria conhecido com o nome de Anúbis. Neftis amava tanto Osiris e tanto desprezava o seu marido que, quando se produziu o seu assassínio, a boa e infeliz Neftis fugiu do seu perverso marido, para poder estar ao lado do amado, junto da sua irmã Ísis, ajudando-a no embalsamamento.Após aquele momento, Ísis e Neftis permaneceriam sempre unidas à morte, acompanhando o piedoso defunto na sua sepultura, para proporcionar-lhe a ajuda que necessitasse no outro lado da morte.Ao assassinar Osiris, Seth só conseguiu divinizar ainda mais o seu odiado irmão, porque o Osiris triunfante sobre a morte ia estabelecer-se como a personificação divina do ciclo, e voltaria a nascer e morrer eternamente, reinando na vida eterna do céu e deitando sobre o seu traidor irmão na terra, ao ficar com as suas posses e ser a figura amada pelas duas irmãs Ísis e Neftis, a figura adorada e homenageada por todos os egípcios, a divindade bondosa que governava as estações e o benéfico Nilo em proveito dos homens.

A Traição de Seth

Não foi demasiado difícil a Seth terminar com a vida do seu bom irmão, o grande rei Osiris, apesar da constante vigilância que Ísis mantinha sobre as suas idas e vindas, dado que ela sim conhecia bem o seu malvado irmão e não confiava de maneira nenhuma nas suas artes.Depois de tentar uma e outra vez assassiná-lo sem êxito, finalmente Seth tramou um plano que lhe permitia iludir Ísis e assim mandou construir uma caixa muito rica e bela, com o tamanho exato do seu irmão. Com a caixa em seu poder, Seth organizou uma grande festa, à qual convidou Ísis e Osiris, junto com outras setenta e duas personagens, que não eram outras senão os seus aliados no sinistro plano.Terminada a festa, Seth comentou que tinha idealizado um jogo, que consistia em ver quem de todos os presentes cabia melhor naquela magnífica arca, e para o feliz tinha reservado um grandioso prêmio. Os convidados provaram sorte, mas nenhum dava o tamanho adequado, de maneira que chegou a vez de Osiris e ele sim, enchia completamente o buraco da caixa. Mas não havia tal prêmio; os presentes lançaram-se em tropel e encerraram o rei dentro dela; depois lançaram-na ao Nilo e o rio arrastou a caixa e a sua carga para o mar.Ísis saiu em perseguição do baú e Neftis uniu-se ela rapidamente na procura, enquanto Seth e as suas seis dúzias de cúmplices celebravam precipitadamente a suposta vitória do usurpador. As duas irmãs entretanto, encontraram a caixa onde Osiris tinha sido encerrado e comprovavam que já era simplesmente um cadáver. Com os seus tristes lamentos e prantos, as irmãs comoveram os deuses e estes decidiram trazer de novo à vida ao infeliz Osiris, mandando-as que amortalhassem o seu corpo embalsamado em ligaduras, dando assim a pauta para o posterior rito funerário, ou que reunissem os seus restos para poder insuflar de novo a vida no seu destroçado corpo, segundo a versão correspondente.


Hórus, Filho de Ísis e Osíris

Também se conta, em outros relatos sagrados, que a arca tinha saído para o mar quando Ísis chegou à foz do Nilo, e só terminou a sua viagem na muito longínqua costa da Fenícia, indo de encontro a um tronco que crescia à beira do Mediterrâneo, muito próximo da cidade de Biblos.A árvore, milagrosamente, cresceu num instante, englobando o féretro flutuante no seu tronco para dar-lhe o último abrigo. Movido pelo destino, o rei de Biblos viu aquela gigantesca árvore e mandou cortar o seu tronco e com ele ordenou construir uma coluna para o seu palácio. Mas Ísis soube também do portentoso fato e empreendeu a viagem até chegar à cidade de Biblos, onde pediu ser recebida pelo rei, para fazer-lhe saber a razão da sua penosa expedição. O rei ouviu o relato da rainha e ordenou imediatamente que lhe fosse devolvido o caixão onde repousavam as restos mortais do bom Osiris. Concedido o seu desejo e com o caixão em seu poder, regressou sigilosamente para o Egito, não sem antes tentar ocultar o cadáver do infeliz esposo da maldade de Seth. Mas Seth, senhor da noite e das trevas, deu com ele e voltou a tentar terminar com a ameaça que Osiris representava, fazendo com que os seus restos fossem dispersos por todo o imenso e intransitável delta do grande rio. De novo Ísis empreendeu a procura dos restos de Osiris nos pântanos do Nilo e, um a um, reuniu outra vez o cadáver. Quando os conseguiu, tomou a forma de uma grande ave de presa e pousou-se sobre os despojos, batendo as suas asas até que com o seu ar benfeitor insuflou uma vida renovada em Osiris. O esposo ressuscitado tomou-a e a boa Ísis ficou grávida de Hórus, o filho que teria de vingar o pai assassinado e restauraria a ordem divina no Egito. Mas, enquanto chegava o momento do nascimento de Hórus, Ísis ocultou-se de Seth nos pantanosos terrenos do delta do Nilo.


A Vingança de Hórus

Osiris retornou ao reino dos mortos, mas já tinha deixado a sua semente em Ísis e dela nasceu felizmente Hórus em Jenis. Com a presença devota da sua mãe foi educado no maior dos segredos, preparando-se com esmero e paciência o sucessor do rei assassinado no seu esconderijo do Delta, enquanto a mágica Ísis o cobria com a impenetrável couraça dos seus conjuros, esperando até que chegasse a hora da vingança definitiva.E esta hora chegou, mas a luta entre Seth e Hórus seria longa e angustiosa; uma briga que parecia não ter fim, na qual um e outro infringiam tanto mal como o que recebiam do seu adversário. Tão penoso era o combate que Toth, o deus da Lua e a divindade da ordem e a inteligência, se apiedou dos combatentes e interveio para mediar a disputa, levando ambos perante o tribunal dos deuses e fazendo comparecer também Osiris, para que todos pudessem ouvir as razões de um e dos outros.O tribunal sentencia que, na causa entre Seth e Osiris, seja Osiris quem recupere o reino que teve em vida, e acrescenta à sua coroa a parte do país que originalmente correspondeu ao seu irmão e assassino. Na longa e controversa vista da briga entre Seth e Hórus, que durou nada menos que oitenta anos, os juizes celestiais terminaram por sentenciar o pleito sobre os direitos sucessórios a favor de Hórus. O filho póstumo de Osiris recuperava o que correspondia pela sua linhagem: a sucessão no trono de Egito. Assim, o filho era reconhecido pela divindade como soberano indiscutível, dentro da tradição clássica que adjudicava.


Olho de Hórus


O olho que Hórus feriu (o olho esquerdo) é o olho da lua, o outro é o olho do sol. Esta é uma explicação dos egípcios para as fases da lua, que seria o olho ferido de Hórus.

Após derrotar Seth, tornou-se o rei dos vivos no Egito. Perdeu um olho lutando com Seth, que foi substituído por um amuleto de serpente, (que os faraós passaram a usar na frente das coroas), o olho de Hórus, (anteriormente chamado de Olho de Rá, que simbolizava o poder real e foi um dos amuletos mais usados no Egito em todas as épocas). Depois da recuperação, Hórus pôde organizar novos combates que o levaram à vitória decisiva sobre Seth.

Alguns detalhes do personagem foram alterados ou mesclados com outros personagens ao longo das várias dinastias, seitas e religiões egípcias. Por exemplo, quando Heru (Hórus) se funde com Ra O Deus Sol, ele se torna Ra-Horakhty . O olho de Horus egípcio tornou-se um importante símbolo de poder.


















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